sábado, 5 de março de 2011

O Encontro

O cavaleiro subiu até ao ponto mais alto e tenebroso do castelo. Com receio do que poderia acontecer, enfiou a chave na fechadura, rodou-a lentamente e, quando abriu a porta…, deparou-se com a jovem mais bela que ele alguma vez vira. A jovem tinha cabelos castanhos como o chocolate, olhos brilhantes, lábios vermelhos como o coração que naquele preciso momento palpitava sem parar de amor pela jovem. A jovem encontrava-se num canto, a chorar. O cavaleiro quis tocar-lhe, mas ela impediu-o com um movimento suave, mas determinado, com raiva por a terem deixado ali durante horas, dias, semanas, anos… de pura e eterna solidão. E a rapariga só lhe disse:
– Se me vens bater, como todos os outros, mata-me de uma vez! Seria tudo muito mais fácil, menos doloroso. Se vocês querem vingar-se da raiva que tenho por aquele homem maléfico, matem-me!
O cavaleiro, comovido com as palavras da jovem, disse-lhe:
– Calma! Não te quero bater, muito menos matar. Como é que eu conseguiria matar uma jovem tão bela, como tu?
Ela afastou o olhar e respondeu-lhe:
– Não acredito!
– Acredita! – retorquiu o cavaleiro. – Eu sou um homem de palavra.
Ela olhou-o fixamente e disse com um sorriso:
– Sabes, eu tenho um dom, consigo sentir o palpitar do coração das pessoas e perceber o seu sentimento. O teu, por exemplo, é o sentimento do Amor, está perdidamente apaixonado por alguém.
– Sim, é por ti! – sussurrou o cavaleiro.
Os olhos dela brilhavam cada vez mais e, num gesto lento, beijaram-se suavemente. A partir daquele dia qualquer pessoa que ouvisse esta lenda conseguiria sentir o Amor eterno daqueles dois.

Cristiana Lima, 6.º B (E.B. de Vila Praia de Âncora)
[recriação do encontro do cavaleiro e da menina, na Lenda da Boca do Inferno, de José Viale Moutinho]

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