segunda-feira, 26 de abril de 2010

Reflexões em torno de uma sereia

Um dia estava eu sozinho na praia, triste, porque a minha bisavó tinha falecido. Era a melhor pessoa do mundo, estava sempre com uma cara sorridente, até parecia um peixe, nunca, nunca parava de sorrir.
Mas há um ano ela adoeceu com a gripe A e a partir daí, como já era uma pessoa de idade, ficou muito doente. Certo dia, de repente, começou a tremer e deu-lhe um AVC.
E assim vim eu triste para esta praia numa solidão tremenda.
Nesse dia, de manhãzinha, vi uma sereia na praia com a sua bela cauda cheia de feridas e os seus braços cobertos de mordidelas; parecia que tinha ido à guerra. E ela começou a murmurar:
– Ajuda-me! Ajuda-me!
E eu gritei:
– Estou a ir!
Agarrei-me a ela e perguntei-lhe o que é que se tinha passado e ela disse que na terra dela, em Springfield, tinha havido uma guerra entre as sereias, lideradas por Neptuno, e os caranguejos, liderados por Pinças IV. Ela também tinha participado; os caranguejos ganharam, ela foi a única a conseguir fugir e o seu povo foi todo preso.
Pediu-me, novamente, para a curar. Então eu chamei o Hélder, a gaivota, para me dar um suco de algas e anémonas que, misturadas, resultam numa poção mágica extremamente forte. Ele entregou-mo e eu dei-o a beber à sereia. Em pouco tempo, as feridas começaram a sarar e ela foi-se embora, mas não sem antes dizer:
– Adeus e obrigada! Tenho de ir libertar o meu povo.
Como tinha sofrido tanto com a morte da minha bisavó, eu não queria deixar morrer outra pessoa… Um dia poderemos ser nós a precisar e, se não somos bons para outros, também ninguém nos ajuda.

Ulisses Araújo, 5.º B (Escola Básica de Vila Praia de Âncora)

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