quarta-feira, 7 de julho de 2010

Faleceu Matilde Rosa Araújo I

Lembras-te deste texto? Apareceu no teu primeiro teste de Língua Portuguesa do 5.º ano. A sua autora faleceu. Vale a pena relê-lo de novo, em sua memória e, depois, também vale a pena ler o texto do Eduardo, inspirado neste.

Os dois irmãos sabiam que há muito tempo a casa estava abandonada. E olhavam-na, de longe, com encanto.
– Maria! Se lá estivesse um tesouro…?
– Um tesouro…?! Tu disseste um tesouro, Joaquim?! – Ouvi dizer que naquela casa havia um tesouro escondido...
Maria olhou o irmão com os olhos a brilhar. A brilhar muito. Os olhos de Maria eram muito lindos, porque estavam cheios de sonho.
O que é um tesouro? Muito ouro? Muita prata? Brilhantes? Safiras cor de mar? Esmeraldas verdes como uma árvore jovem sobre a água?
Talvez estrelas, até. Estrelas que pudessem caber nas nossas mãos sem nos queimarmos. Pérolas brancas de leite para um lindo colar...
E Maria pediu ao irmão:
– Vamos lá ver, se há um tesouro, vamos?
– Nós?
– Então... não queres?!
– Se quero!...
– Mas não haverá mal? A nossa mãe...
«... E o nosso pai...» – pensou Maria.
Mas os olhos de Maria poisavam nos de Joaquim. E os de Joaquim – tão lindos, também! – nos de Maria.
E um sonho no meio deles – o tesouro!
Maria e Joaquim não acreditam em bruxas nem em fadas. Nem em dragões. Mas ainda acreditam em tesouros!
E deram a mão um ao outro. E saíram, devagarinho, em silêncio, até à velha casa.
Esta ficava no meio de um bosque, abandonada.
Ambos estavam receosos. Não é vergonha ter medo. O medo é tão natural como a coragem. A alegria da coragem. Vergonha é não vencer o medo, quando o devemos vencer.

Matilde Rosa Araújo, O Sol e o Menino dos Pés Frios, Livros Horizonte

Esta foi a continuação que o Eduardo propôs para o texto de Matilde Rosa Araújo:

E lá foram os dois em busca do tesouro escondido.
– Ó Joaquim, não achas melhor levar duas lanternas? – perguntou a Maria.
– Sim, acho – respondeu o irmão.
Quando eles lá chegaram viram espelhos partidos, paredes rachadas, telhas soltas e muitas mais coisas. Entraram porque viram algo a mexer-se e, cheios de curiosidade, quiseram ver o que era. Mal entraram a porta fechou-se e eles assustaram-se.
– O que foi isto? – perguntou o Joaquim.
– Não sei – respondeu a irmã.
Eles viram um baú enorme e quiseram saber o que tinha dentro. Abriram-no e saiu de lá uma múmia. O Joaquim e a Maria começaram a correr e a gritar. Atrás deles vinha a múmia e eles entraram num quarto.
– Foi por pouco! – exclamou Maria.
Nesse instante a múmia começou a bater na porta.
– Fecha! Fecha! – gritou ela. Mas nesse quarto estava um fantasma.
– Abre! Abre! – gritou a Maria outra vez.
Por momentos conseguiram fugir do fantasma e da múmia. No entanto, a múmia voltou a aparecer e começou a chamar por eles. Quando a múmia os apanhou eles acordaram e a mãe deles dizia: “É só um sonho, calma!”.

Eduardo Novo (Novembro de 2009)

2 comentários:

  1. Obrigada Professor!
    Um abraço da aluna sofia

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  2. Está muito bonito Eduardo! Tenho a certeza que um dia poderás escrever um livro como eu.

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